quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Caroline Bauer

Oi, Adriana!
Bem, desculpa a demora em enviar meu relato, mas também estava super envolvida com a redação da tese.
Em primeiro lugar, queria te contar que minha participação foi completamente inesperada da minha parte, em todos os sentidos. O convite partiu do Cristiano Scotta, não lembro exatamente as palavras dele, mas ele já havia me falado sobre teu trabalho e me disse que haveria uma intervenção ao meio-dia de sexta-feira, e me chamou para participar. Mas eu não fazia idéia do que aconteceria. Depois, ao me encontrar com todos vocês na frente do Museu, fiquei um pouco constrangida em participar, pois conhecia pouquíssimas pessoas, e senti-me um pouco intrusa. Aos poucos, esse sentimento foi se dissipando, por uma série de motivos. Eu gosto muito desse contato direto com as pessoas, e foi um pouco disso que me fez escolher a carreira docente. E também militei durante muitos anos no movimento estudantil e, atualmente, junto a organizações de direitos humanos, e já fechamos muitas sinaleiras, ruas, e fizemos protestos por aí para reivindicar muitas coisas que parecer ter sido esquecidas. E gostei muito, demais, de participar da atividade por causa disso: da recuperação desse sentimento de solidariedade, de doação, de proporcionar sorrisso e desacomodações. Desacomodações no sentido de romper o cotidiano dessas pessoas, e não somente pela entrega do adesivo, mas por fazer com que elas se lembrasses do ocorrido, partilhassem isso com suas famílias, e isso fosse uma memória sempre ativada a partir do momento em que olhassem o adesivo. Para mim, foi uma experiência riquíssima, um contágio de felicidade. Eu gosto muito desse ato de desprendimento, de poder ofertar algo para as outras pessoas, e o fato de ser um singelo adesivo escrito "gentileza gera gentileza", uma necessidade desse novo século, me deixou ainda mais feliz. Fora que a atividade proporcinou-me estar em contato com pessoas maravilhosas, espíritos felizes, que irradiavam isso nas brincadeiras, nas situações criadas, nas falas, etc.
Acredito que o fato que me pareceu mais curioso foi quando entreguei um adesivo para uma viatura policial. Achei bastante significativo no sentido de que temos uma história de violência imbricada na sociedade brasileira, de forma que se conformou um autoritarismo que hoje é dado como natural, e se traduz em expressões como "... e tem que matar, mesmo". Gentileza não custa nada, como foi demonstrado naquela sexta-feira, e é bom ofertar e receber!

Fora isso, Adriana, queria te agradecer, novamente e imensamente a oportunidade de participar dessa atividade. Me fez um bem enorme. E fico muito feliz de poder contribuir para teu trabalho, também. Tu me pareces uma pessoa maravilhosa, e irradias isso todo o tempo.

Um beijo e um forte abraço!
Conta sempre comigo para mais e mais gentileza.
Estou levando um dos teus adesivos para Barcelona, aonde morarei a partir de julho do ano que vem.
Sei que talvez esse prazo não coincida com teu trabalho, mas estarás ao lado de Gaudí e pertinho do Dalí.
Mais uma vez, um abração!
Carol

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