segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Cláu Paranhos

GENTILEZA GERA GENTILEZA

A luz do semáforo fica vermelha.
Corro para os carros.
Tenho, estampada no peito, uma mensagem: “gentileza gera gentileza”.
E, nas mãos, um punhado de adesivos com a mesma mensagem.
Por dentro, um montão de emoções: medo, ansiedade, alegria...
Nas veias, adrenalina.
Percebo, no primeiro momento, o tempo: pouco tempo!
A luz do sinal fica verde e ainda estou imersa em emoção, no meio dos carros.
Quero continuar!
Mas preciso correr para a calçada novamente.
“Gentileza gera gentileza!” e a maioria das pessoas sorri, meio sem graça.
Umas poucas sorriem felizes e receptivas.
Têm medo.
De violência, de assalto, de que eu queira algum dinheiro.
Algumas não abrem o vidro do carro.
Ou abrem uma frestinha, por onde coloco o adesivo e digo feliz:
“gentileza gera gentileza”!
Sorrio.
Não que eu queira ou planeje.
Meu corpo inteiro sorri!
Fico genuinamente feliz por participar de uma ação para o bem.
Queria que o mundo inteiro fizesse isso, em todos os lugares!
Queria poder dizer “gentileza gera gentileza” para cada pessoa que habita esse mundo!
E que elas ouvissem.
Porque, algumas, balançam a cabeça negativamente, encerradas no seu carro.
Recusando qualquer espécie de emoção.
Com os vidros e o coração fechados.
Aceito. E sigo para o próximo espírito que esteja disposto a existir.
Quando os adesivos acabaram, acabou também a minha voz.
Sentia-me plena.
Tinha dado o melhor de mim.
E recebido o melhor da vida.


Cláu Paranhos,
Porto Alegre, Novembro/2008.

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